Uma Vida - GUY DE MAUPASSANT

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Em 1883, Guy de Maupassant (1850-1893), escritor francês ligado a Flaubert e Zola, que marcou a literatura francesa com os seus seis romances, escreveu «Une Vie» (em português, Uma Vida), cuja publicação no jornal literário Gil Blas se deu em forma de série - e que mais tarde, no mesmo ano, seria publicado como um livro sob o título «Une vie (L'humble vérité)». À época, registrou o jornal, logo na primeira página:

«O jovem romancista não é estranho aos nossos leitores, que sabem levantar todos os véus e que não esqueceram que Mademoiselle Fifi apareceu neste jornal sob um pseudônimo. Em Une Vie, o primeiro romance de M. Guy de Maupassant, que escreve especialmente para Gil Blas, nosso colega pintou os costumes da baixa nobreza nas províncias. É a história muito interessante de uma mulher [Jeanne], desde a hora em que seu coração desperta até sua morte».

Maupassant notadamente inspirou-se em Madame Bovary (1856), romance de Flaubert. Assim como Emma, ​​Jeanne é idealista, romântica, com entusiasmo ingênuo e sonhos que são desfeitos no contato com uma realidade tão vil quanto cruel. Apesar das semelhanças, grandes são as diferenças entre as célebres personagens de Flaubert e Maupassant. Diante das múltiplas infelicidades da vida conjugal, Emma «mergulhava a cabeça nas águas turbulentas do adultério», segundo a fórmula de admiração de Baudelaire, enquanto a castelã de Peuples refugiava-se na solidão e aceitava os infortúnios que se abatiam sobre ela com uma espécie de resignação serena.

Nas palavras de Tolstói, Uma Vida era «um excelente romance, não apenas incomparavelmente o melhor romance de Maupassant, mas quase o melhor romance francês desde Os Miseráveis, de Victor Hugo».

Nova Cultural, 2003
Impresso no Brasil
Tradução de Roberto Domênico Proença

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